UM POEMA DE AMOR
[Com a ajuda do Luís Vaz, que é um bacano e está sempre pronto para musicar letras minhas]
Corona é vírus que agarra sem se ver
Doença que, se for aos outros, mal se sente
É um descontentamento não contente
É dor que diz «confina!» sem dizer
É um não querer mais que bem viver
É solitário andar por entre a gente
É nunca dar um abraço de contente
É cuidar que se ganha em não se ver
É querer estar preso por vontade
É não dar, a quem queremos, nosso amor
É ter, com quem não nos visita, lealdade
E como causar pode então o amor
Nos corações humanos amizade
Se tão mascarado anda o senhor?
É escritor e professor. Publicou, entre outros, A Instalação do Medo (Teodolito, 2012), Osso (Teodolito, 2015) e Manual do Bom Fascista (Ideias de Ler, 2019).
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